A frase histórica de Geraldo Alckmin também tem fundamento em Dourados. “Ele quer voltar à cena do crime”. Alckmim disse isso sobre Lula e hoje, ironicamente, é vice do presidente da República. A mesma retórica vale para Renato Oliveira Garcez Vidigal, ex-secretário de Saúde de Dourados, que foi condenado pela Justiça Federal a 11 anos e oito meses de prisão por falsidade ideológica, corrupção e organização criminosa.
Não é segredo que Délia Razuk e seu “Staff” estão apoiando Marçal Filho. O grupo que voltar à prefeitura é garantir uma “boquinha” na gestão do tucano, caso ele seja eleito. Délia é considerada a prefeita que “devastou” Dourados, tanto que nem arriscou a reeleição. Mas além dela, alguns perosnagens da gestão passada também estão em peso fazendo campanha para o radialista, que também é condenado no STF (Supremo Tribunal Federal) por falsidade ideológica e réu na Operação Uragano por corrupção.
O médico, ex-secretário de saúde, está usando as redes sociais para pedir votos ao candidato Marçal Filho. Vidigal foi preso condenado e preso no chamado “escândalo da marmita”, investigado no âmbito da Operação Purificação, da Polícia Federal, iniciada em fevereiro de 2019.
O esquema envolveu a empresa de fachada Marmiquente, contratada pela prefeitura na gestão de Délia Razuk (2017-2020) para fornecer alimento a funcionários e pacientes da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e do Hospital da Vida.
Renato ocupou o cargo de janeiro de 2017 a janeiro de 2019. Depois assumiu a coordenação do Samu (Serviço Móvel de Urgência), cargo que ocupava quando foi preso, em novembro de 2019. Ele ganhou liberdade beneficiado pela pandemia da covid-19.
Apontado pela Polícia Federal e pelo MPF (Ministério Público Federal) como sócio de Renato na empresa, o promotor de eventos Raphael Henrique Torraca Augusto, o “Pardal”, foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão.
Sandra Regina Soares Mazarim, mulher de Raphael e que trabalhava no financeiro da Funsaud (Fundação de Saúde de Dourados), também pegou 10 anos e 10 meses de prisão.
Outra ex-servidora contratada do município implicada no esquema, Dayane Jaqueline Foscarini Winck, foi condenada a 5 anos e 10 meses. Os quatro também foram multados em 2,5% do valor dos contratos envolvidos no esquema.
Ronaldo Gonzales Menezes, oficialmente dono da Marmiquente Comércio de Bebidas e Alimentos Ltda., foi condenado a 7 anos e 10 meses. Segundo a PF, ele era “testa de ferro de Renato e de Raphael na empresa.
Como fez acordo de delação premiada com a PF e ajudou na gravação de conversas que levaram o grupo para a cadeia em novembro de 2019, Ronaldo teve a pena privativa de liberdade substituída por prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas e pagamento de R$ 45 mil em parcelas mensais de R$ 250,00 em favor da Funsaud.
O esquema
A empresa Marmiquente embolsou quase R$ 2 milhões fornecendo alimentação para funcionários, pacientes e acompanhantes do Hospital da Vida e da UPA durante um ano e meio.
Oficialmente dono da Marmiquente, Ronaldo Gonzales contou que sacava dinheiro em espécie da conta bancária da empresa e entregava a Raphael Torraca. A Polícia Federal afirma que parte desse dinheiro era repassada por Raphael para Renato Vidigal.
Segundo a PF, Sandra, mulher de Raphael, comandava o esquema ao lado do marido e do então secretário. Além de servidora do setor financeiro da Saúde, Dayane Winck administrava o restaurante de onde a Marmiquente comprava as refeições.
Renato Vidigal passou quatro meses preso na PED (Penitenciária Estadual de Dourados). Nesse período foi flagrado com celulares na cela e acusado de ameaçar testemunhas do caso.